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Tuesday, December 11, 2007

Dexter e a condição humana

Há algum tempo assisto uma série de TV americana chamada "Dexter". Para quem não conhece, o seriado é protagonizado por um serial killer (Dexter) que trabalha como perito da polícia de Miami. Dexter reconheceu ainda criança o desejo irresistível de matar. Harry, o pai adotivo, era um policial dos mais certinhos e para que o filho jamais fosse preso por seus "instintos", ensinou o garoto a ter uma certa "ética" para matar. Baseado no que ele chama "Código de Harry", Dexter elimina criminosos que a Justiça deixa escapar.

No último fim-de-semana, enquanto assistia a alguns episódios da 2ª temporada, notei o quanto torcia para que Dexter se safasse e não fosse pego pela Justiça. O personagem é simpático, irônico, carismático, espirituoso, engraçado até... É o típico gente boa. E só "despacha" bandidos. Complexo e simples, não dá para torcer contra ele. Mas isso é que espanta: ele pode ser o que for, mas é um serial killer.

E isso dá bem a medida dos tempos de hoje. Com tudo de ruim em volta e ninguém que realmente tome providências, nos resta torcer pelo serial killer - que, por incrível que pareça, tem ética. Dexter é uma pessoa boa fazendo coisas ruins ou uma pessoa ruim fazendo coisas boas? Já não sei a resposta e isso é meio inquietante. Tão inquietante quanto viver num planeta que nos leva a ter simpatia pelo serial killer.

É, o mundo está perdido - e acho que todos nós também.

Dexter

Tuesday, November 13, 2007

Amigo urso

I´m a beer, ic... a bear!

Hoje dei de cara com uma daquelas notícias que você lê, relê e acaba de uma vez por todas com a certeza que já viu de tudo na vida. Aconteceu no longínquo mosteiro romeno de Cotmeana. Lá havia um urso – de nome Martinica - que foi "salvo" por uma organização chamada “Milhões de Amigos”.

Disseram que o bicho bebia cerveja e gostava de dar uns tragos nos cigarros oferecidos pelos visitantes, além de ser visto com freqüência dormindo na lama (como bom bebum que era). No mosteiro, ninguém fazia nada pelo bicho, que vivia entregue à esbórnia e à boêmia.

Pois bem... Levaram o urso embora do mosteiro; cortaram a cerveja, o cigarro e... o castraram. Resumindo: por causa dos ativistas, o urso não bebe mais, não fuma e não trep... ops. Ou seja: agora que saiu do mosteiro, o urso vai viver que nem monge. Que sacanagem! Não sei o que os outros pensam, mas para mim, isso é coisa de amigo-urso...



Montagem: Glaucia

Tuesday, October 23, 2007

O silêncio da sua viagem...

Desculpe interromper o silêncio da sua VIAGEM. Mas tenho que falar exatamente porque essa sua viagem já silenciou muita gente. Ao mesmo tempo, essa sua viagem causa um barulho que ninguém consegue calar. Barulho de tiro. Talvez você não escute aí da sua cobertura. Talvez escute e marque no palm-top que é hora de reforçar a blindagem do carro. E é provável que, durante a sua VIAGEM, você não lembre que financia tudo isso. A quem você vai culpar quando a próxima vítima cair?
Desculpe interromper o silêncio da sua VIAGEM, mas o que você me diz sobre essa manchete:”Elite é a maior cliente do tráfico”?
Desculpe interromper o silêncio da sua VIAGEM, mas estou cansada de ouvir sua hipocrisia.

Monday, September 24, 2007

Tá explicado...

Começou na merda...

Chuva e engarrafamento, dois ingredientes certos para fermentar um bolo de tédio quando estou no ônibus. Como hoje consegui viajar sentada – o que equivale praticamente a ganhar na Mega-Sena ou ver um político corrupto ir preso neste país – optei por ler um pouco. E vim lendo uma daquelas publicações que são mistura de catálogo/revista da Livraria Saraiva. Em uma das seções, Marcelo Duarte, autor da série “O Guia dos Curiosos”, discorre sobre algumas curiosidades históricas a respeito da Independência do Brasil e do quadro “Independência ou Morte!”, do pintor Pedro Américo (foto). Entre outras coisas, Duarte falou que:

1 – D. Pedro I tinha encontrado com Domitila de Castro, sua amante, antes de declarar a Independência;

2 – Ao contrário do quadro, ele e sua comitiva (pequena e discreta, já que era destinada apenas a acompanhá-lo em sua pulada de muro) viajavam no lombo de mulas porque estas eram mais resistentes que o cavalos;

3 – O grito libertador não foi às margens do Ipiranga e sim numa colina perto do rio. O motivo? D. Pedro tinha subido lá para se aliviar de um “mal-estar intestinal”.

Fez-se a luz. Se algo tão importante como a Independência começou na putaria, com lentidão muar e na base da merda feita pelo seu governante, alguém esperava mesmo que o Brasil fosse diferente?

Monday, August 06, 2007

O crachá

Famoso quem???


A descrição do brasileiro típico com certeza abrange palavras como pacato, pacífico, bem-humorado, receptivo... Mas se alguém quiser conhecer realmente um brasileiro, dêem a ele um crachá.

O brasileiro se transforma com um crachá. O artefato vem na frente, pendurado no pescoço, mas tem o mesmo efeito moral que a capa para o Super-Homem. Diria que eu que, de posse de um crachá, o cidadão comum se transfigura; vira o doutor, o alguém na vida, a autoridade. A transformação fica ainda mais visível se for um crachá que dá acesso a determinadas áreas, que mortais comuns não têm acesso. Aí, não tem jeito. O sujeito vira um híbrido de homem e Chester, andando de peito duro e imponente para lá e para cá. “Não senhor, segurança. Eu posso entrar aí, olha só o meu crachá”.

O crachá é a materialização do “sabe-com-quem-está-falando”, com direito a ID, cargo, número de registro, função e áreas de acesso. E se fizer dupla com uma pulseirinha daquelas de plástico, com a inscrição “VIP”, saiam da frente: porque essa combinação é praticamente restrita aos seres míticos, transcendentais. Aos detentores dos segredos de Atlântida, dos Maias e dos Astecas.

O brasileiro típico realmente acha que um crachá é o delimitador entre a mediocridade e o Olimpo. Não interessa se é um pobre diabo, uma pseudo-celebridade ou gente que se dá mais importância do que realmente tem. Um brasileiro com crachá é quase à prova de balas. É um Bozó de Kripton. Mal sabe ele que quem é famoso mesmo não precisa disso. Ou alguém acha que o Pelé precisa de um crachá para ter acesso a algum lugar?

Wednesday, August 01, 2007

Eu não queria...

Eu não queria ter me emocionado nas suas vitórias.
Eu não queria ter me abatido nas suas derrotas.
Nem queria ter chorado quando ouvi sua música.
Não queria ter vestido suas cores por dentro.
Não queria ter esbravejado ou reclamado quando te passaram para trás.
Nem sorrido por dentro quando os céus jogavam a favor.
Não queria que as alegrias recentes mascarassem a dor no dia-a-dia.
Não queria, não queria...
Não queria descobrir através do esporte que eu ainda te amo.
Não queria, não queria...
Não queria, Brasil, não queria.
Não queria violência, corrupção, miséria.
Não queria roubo, fome, omissão.
Não queria vergonha de ser honesta.
Não queria você, Brasil...
Não queria...
Eu não queria querer tanto que você me quisesse
Como no fundo eu ainda te quero

Tuesday, June 26, 2007

Perfeição...

Perfeição é uma das faixas do álbum “O Descobrimento do Brasil”, lançado em 1993 pela Legião Urbana. A letra é uma das mais cínicas, ácidas e – tristemente – verdadeiras da banda. A síntese do país. Talvez devesse ser seu novo hino (porque creio que o hino do que quer que seja precisa traduzir aquilo que está sendo exaltado e cá para nós, o hino brasileiro está longe de exprimir a realidade). Há algum tempo, as manchetes só trazem notícias que mostram que o Brasil é um caso lamentável de decadência, sem nunca ter oferecido aos seus filhos um apogeu.
“Vamos celebrar a estupidez humana / A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos / Covardes, estupradores e ladrões”

“Jovens de classe média-alta espancam doméstica

“Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão”

“Policial usa bala de verdade em simulação e mata garoto de 13 anos”

“Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação”

“Mantega: crise aérea é sinal de prosperidade”

“Celebrar a juventude sem escolas
Crianças mortas
Celebrar nossa desunião”

“Alunos retomam aulas suspensas há 30 dias por violência no Rio”

“Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade”

“Brasil já é o segundo maior mercado mundial de cirurgias plásticas”

“Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais”

“Acidentes deixam 50 mortos nas estradas de SP no feriado”
Precisa mais? Acho que não... Para quem não conhece, o restante da letra segue abaixo... E o pior mesmo é saber que não há uma, mas várias manchetes para cada um desses versos. Alguém duvida?
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e seqüestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a aceitação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amarV
amos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer da nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror de tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também viemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção
Venha, meu coração esta com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha que o que vem é perfeição...