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Wednesday, October 04, 2006

Muros do mundo... Mundo de muros...

Saudades dessa cena...

O que você faria com US$ 1,2 bilhão de dólares? Bom, se você fosse George W. Bush, usaria a grana para construir barreiras. Mais especificamente, centenas de quilômetros delas na fronteira com o México. O objetivo? “Conter a imigração ilegal”.
A cada dia, o quadro do século XXI está sendo pintado com cores fortes. Cores que não se misturam. Cores que não têm meios-tons. Nenhuma nuance de mistura. Não, não é exclusividade americana. Pode até ser que os EUA sejam o ícone máximo disso. Mas não faltam pincéis nem representantes dessa “escola”, dessa “arte” que atende pelo nome de intolerância.
Pode olhar... Ela aparece nos ônibus, onde as pessoas se empurram grosseiramente para entrar primeiro e conseguir um lugar. Mesmo quando o ônibus está cheio de vazios.
Está nos muros da minha cidade, onde vejo frases do tipo “Só Jesus expulsa Maria Padilha das pessoas”; “Santo não faz macumba”; “Quem adora imagem adora o diabo” (admito: corrigi os erros de vírgula, característica de tais frases). Que disseminação gratuita de preconceito...
Está nas conversas pseudo-politizadas típicas de tempos de eleição, quando é possível pinçar comentários do tipo “Nunca votaria em ‘fulana’! Parece que só tem uma roupa!”.
Está na pessoa que fura a fila sem o menor constrangimento. Na que pisa ou esbarra na rua e ainda reclama porque “estavam no meio do caminho”.
É vizinha do moralismo excessivo ou de termos como ”afro-sei-lá-o-quê” (sim, é preciso criar neologismos para ‘separar’ melhor).
O muro do Bush é só a materialização de tudo. O individualismo excessivo, a cultura do “eu” parece não ter fortalecido as pessoas. Antes isso: parece ter gerado tamanha insegurança diante das diferenças, que as pessoas preferem condenar a tentar entender. Segregar a tentar se colocar no lugar do outro. E fazem isso em nome do que for: em nome de Deus, da segurança de Estado, da correria diária, de convicções políticas. Só me lembro do provérbio árabe, que Renato Russo fez verso da música “Do Espírito”: a ignorância é vizinha da maldade. Triste mundo que precisa de muros (não sei se para segregar ou ocultar a vergonha de uma humanidade tão mesquinha).

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